No fim de maio, moradores e visitantes do Litoral do Paraná foram surpreendidos por uma cena rara e emocionante: uma baleia-jubarte nadava tranquilamente nas águas próximas à Ponte de Guaratuba, em construção. A aparição não só chamou a atenção como despertou uma série de perguntas — e trouxe uma ótima notícia para o meio ambiente.
A presença da jubarte nas águas paranaenses é um forte indicativo da recuperação dessa espécie, que esteve ameaçada de extinção até 2014. Atualmente, os avistamentos estão se tornando mais frequentes, o que reforça a importância de preservar e compreender melhor o ecossistema costeiro da nossa região.
Uma baleia-jubarte, jovem-adulto com aproximadamente 12 metros de comprimento, nada da região de GuaraqueçabaFoto: Laboratório de Ecologia e Conservação da UFPR
A baleia avistada faz parte de uma população que habita a Antártica e migra anualmente para águas mais quentes da costa brasileira, entre o Espírito Santo e a Bahia, para se reproduzir. O Litoral do Paraná, portanto, integra essa rota migratória e deve, cada vez mais, receber visitas desses gigantes dos mares.
Com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre essa presença no Estado, o Instituto Água e Terra (IAT), em parceria com o Laboratório de Ecologia e Conservação da UFPR (LEC-UFPR), realizou uma operação de monitoramento entre 26 de maio e 1º de junho. A ação contou com apoio aéreo do Centro de Operações Aéreas do IAT e percorreu toda a faixa litorânea.
Durante os voos, além de golfinhos e toninhas, foi avistada outra baleia-jubarte, desta vez na Baía das Laranjeiras, em Guaraqueçaba. Era um jovem adulto de cerca de 12 metros de comprimento. As informações coletadas servirão como base para pesquisas futuras e para ações de educação ambiental e licenciamento sustentável de projetos na região.
Golfinho e toninhas nadam nas águas do Litoral do Paraná, indicador de qualidade ambientalFoto: Denis Ferreira Netto/SEDEST-PR
A aproximação das jubartes com a zona costeira traz grandes oportunidades — mas também desafios. Segundo os pesquisadores, é essencial que o desenvolvimento de atividades humanas, como mineração, pesca e navegação, leve em conta o impacto sobre esses animais.
“Queremos aprender para conservá-los e garantir que tenham o menor impacto possível durante sua permanência aqui”, explica Rafael Galvão, técnico do IAT. Já a bióloga Camila Domit, do LEC-UFPR, destaca que a recuperação da espécie é também um indicativo de saúde ambiental: “Com a volta das baleias, temos uma sinalização positiva de que o ecossistema está respondendo bem à conservação.”
De acordo com estimativas do Projeto Baleia Jubarte, a população da espécie cresceu de cerca de mil indivíduos em 1988 para mais de 30 mil hoje — um avanço significativo, impulsionado pela proibição da caça comercial. Ainda assim, as jubartes seguem vulneráveis, e o engajamento da sociedade na preservação é fundamental.
A baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) pode chegar a 16 metros de comprimento e pesar cerca de 40 toneladas. Com nadadeiras peitorais longas e uma cauda com padrões únicos, é facilmente reconhecível e considerada uma das espécies mais carismáticas do planeta.
Durante o verão, essas baleias se alimentam nos mares da Antártica. No inverno e na primavera, migram para as águas quentes do Brasil para acasalar e dar à luz, seguindo rotas milenares e instintivas.
Milton Marcondes/Projeto Baleia Jubarte
Ver uma baleia nas águas próximas a Guaratuba não é apenas uma experiência marcante — é um sinal de que a biodiversidade marinha está viva, pulsante e merece ser protegida. Para nós, que vivemos e investimos no Litoral, esse movimento é também uma oportunidade de valorização consciente e sustentável da nossa costa.
A presença das jubartes reforça o compromisso de todos — poder público, empresas e população — com um futuro onde o desenvolvimento respeita o equilíbrio ambiental. Afinal, um mar saudável é um mar compartilhado.
Fonte: AEN/PR
Programa de Fauna da Ponte de Guaratuba já monitorou mais de 18 mil animais no Litoral do Paraná
17º Mutirão de Limpeza retira 3,2 toneladas de lixo da Baía de Guaratuba